Do Hermético


E se me olhas no feitiço da semente
No astro oculto que conta o sangue talhado da noite
Pelas faúlhas da pedra que sonhou-se fogo
Nas fábulas das válvulas que contornam o
Coração de horizontes, o eterno toma-me (alma e ossos)
Dos rastilhos de velhas quimeras sangradas
E ocultadas na memória da luz
Saio da inércia dos claustros e amanheço na noite dos mortos
Porque posso o sopro que transporta gotas
Deste segredo pros alvéolos das cavernas
Senão tecer na tua pele a trama da planta que bebe o sol
Riscar a trilha dos afogados com o fôlego de Deus
Comovida, com o hausto dos meus suspiros
Te disse que estive no teor dos raios e nas
Multidões de labaredas austeras que cantavam
Nossas danças e expirações noturnas.
Enquanto em passos pesados a ponta dos pés irrompeu
O centro da urdidura invisível cuja linha esculpiu
E sustentou a matéria da fonte acima de nós
Talvez fosse todo engenho só pra desenhar
E geometria das danças das rodas e ciclos
Que plantam o sagrado no instante do beijo fiado no infinito
'Aporta na mão da esfinge o rio de iluminuras que
Empalidece na saliva todas as escuridões humanas'
Porque depois dos ritos, mil pulmões gritam
Aos deuses e aos homens teu tamanho cravado
No tapete das chuvas, nas veias das rosas e
Nos rastros do sol
Cresci em cada areia caída; dentro da fonte
Que te transportou; no obstinado em si que
Persiste pela inexorabilidade do cumprimento
O coração dos campanários que cantam nos sinos
A gota que rebatiza meu oceano sempre
Souberam-te no esplendor dos meus voos
Pois não urde mais o tempo nos algures donde
Te eternizo em horas secretas, silenciosas
Porque se o milagroso não pode se esconder dos meus olhos
Também não podes evitar tu que sorriam êxtases
Ante seus minúsculos gestos
Jamais a ferocidade dolorosa de mundos devastados,
Morderão a maçã donde eclode o esplendor do teu lume
Hoje te esculpo em barro de verbo, amanhã
Tornar-te-ei cascata donde eternidades se multiplicarão
E o mistério dos peixes saberá que exististes em mim
E que tu mesma existiu acima da verve que te consagra
Relicário do fino diamante.

Isa Baccara










Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vida de marinheiro