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Onde começam as inovações

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Logo que, se uma inovação nos mostra alguma  coisa de antigo, ficamos tranquilos. Friedrich Nietzsche Cabe a esta etapa do trabalho revisitar questões suscitadas no interior de debates sobre os processos, métodos e perspectivas relacionados com a terceira e quarta revolução industrial.  A rápida transformação da realidade mundial seguida da iminência de substituições de dinâmicas sociais, econômicas, culturais, políticas têm causado  furor e inúmeras divergências entre os observadores, amadores, especialistas e outros grupos interessados no tema das inovações anunciados em alguns livros e eventos espalhados pelo mundo. Não é possível pormenorizar todos os fundamentos que  assistem as questões assentadas no terreno das inovações, mas podemos nos pautar no principio irrevogável de que todas as revoluções produzem repercussões sem fim em todos os setores, obviamente guardadas as proporções e particularidades inerentes ao âmbito e exercício de cada caso específico. ...

Registro da morte e a luta pela vida

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Muitas pessoas tentam justificar porque alguns fazem o que fazem sem temer a morte. Nesta época de corona mesmo, muita gente tendo comportamentos inadequados como se apenas os outros fossem contrair o vírus e nunca elas. Sentem-se de alguma forma imunes e não ameaçados. Não temos o registro da morte: é a justificativa. Conheci uma pessoa já muito velha que perdeu vários parentes e amigos e ainda assim ela não conseguia perceber que a morte estava no encalço dela. Vivia soberbamente como se nunca a santa ceifadora fosse cortar sua respiração. Chamava minha atenção tal conduta. Por outro lado, tudo está como deveria estar: talvez se tivéssemos o registro da morte não conseguiríamos conduzir a vida, lutar por ela, manter nosso instinto de autopreservação que nos é tão caro. Tudo tem seu propósito e sentido, mesmo que aparentemente esses nos pareçam discrepantes.

Negação

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A negação é um dos processos mais comuns nos quadros psiquiátricos-psicológicos-psicanalíticos. Surpreendentemente, poucas pessoas sabem do que se trata. O não saber traz danos incalculáveis. É um mecanismo de defesa da mente e por ser defesa, pertence ao ramo do inconsciente. Quem está em negação não sabe que está em negação e salve-se quem estiver ao redor.

Cruzamentos entre Ranciére e Jacotot

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              Ranciére (2002) é um filósofo francês que eleva-se aos ombros de Jocotot, pedagogo que viveu na França no   século XVIII na França e que ganhou visibilidade   após elaborar um método de emancipação intelectual que ele   compreende enquanto única alternativa louvável para aquisição de conhecimento       Numa curta formulação, cabe   inferir que compreender o conceito de emancipação de Ranciére   depende de   ponderar princípios e axiomas dispostos no livro "o mestre ignorante", composto pelas análises   formalizadas   das concepções pedagógicas de Jacotot. Ranciére impulsiona inúmeras reflexões, valendo-se de tradições filosóficas e, sobretudo, dos princípios que sustentam a metodologia de Jacotot como  " a inteligência é igual em todos os homens".   Jacotot defendia que  a inteligência é o elo comum    entre todos   os membros ...

Sobre escrever memórias

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Quando decidi escrever minhas memórias não pensei narrar aquilo a que chamam “o melhor dos tempos”.  Porque foram muitos tempos, portanto sem moderação de “melhor” ou “pior”. Houve o   tempo que passei em casa com os filhos  e esposa, aquele que passei com meus pais e irmãos, outro que dediquei aos  amigos em terra firme e aquele que doei aos que passaram por mim sem deixar rastros futuros. Quem vive no mar aprende ter muitas casas e muitos tempos. Mas também aprende  preservar o que é em si mesma, tendo nisto seu maior patrimônio.   Quando jovem vive o tempo da insensatez como todos vivem. Vierem as experiências que modelaram  a idade da sabedoria. Vivi vórtices de  crenças, descrenças, punhados de  luz, de trevas, calmaria e ímpetos de desespero,   beleza das estações louvada na primavera  anunciando temperança e esperança, Estive dentro dos antagonismos de Deus como poucos tiveram. Em muitos invernos tive  nad...

Os primórdios de mim

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A vida e seus redemoinhos que só vamos perceber depois que somos tragados por eles. Eu em minhas noites em claro no meio do nada, cercado de água por todos os lados e sem enxergar nada à minha frente, não poderia deixar de refletir sobre como eu me tornara um ser totalmente diferente daqueles que me precederam e que me ensinaram as coisas mais básicas da vida. Meu bisavô foi dono de tropa de cavalos e burros, fazendo transporte de cargas, em um lugar totalmente distante do mar e de qualquer água mais profunda, e por ironia da vida, esse transporte era entre Argoin, e Castro Alves, esse último nome, remetendo imediatamente ao poema Navio Negreiro, cujo verso mais emblemático é “estamos em alto mar”. Ou seja, de alguma forma, tudo isso que se passou comigo e com os caminhos que escolhi para desbravar em minha vida, já estava de  um modo tímido e bastante sutil, escrito em meu destino e trajetória. Castro Alves não me deixaria mentir. Nasci logo ali, e tive, por causa desse  nome...

Vida de marinheiro

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Haviam entre os marujos do Cruzador um dialeto próprio nunca antes ouvidos por nós novatos. Os “Chibateiros” seriam aqueles que possuíam graduações ou patentes e que geralmente eram os ditos carrascos dos subalternos, tratando-nos de forma absurdamente desumana. Além de outros anglicismos tais como “Gorgota”, “Velha-Guarda”, “Fanchone”, “Boi-de-bico”, “Quatí Rabudo”, “Tá safo?” (Are you Safety); “tá na onça? (at once!); “Olha o rango!” (are you hungry?) dentre outros adquiridos em sua maioria pela marujada quando no recebimento de navios nos EE.UU. Nossa função no navio, estabelecida pelo sargenteante para agravar ainda mais nossa situação, era o posto de rancheiros que em navios de grande porte, assim como o nosso, sempre fora considerada uma das piores funções tendo em vista o acúmulo demasiado de tarefas que exigiam somente esforços braçais. Além disso, dormíamos em macas dispostas no refeitório, exigindo de nós - além das penosas tarefas da rotina-, que em todas as manhãs arrumásse...